Quando o silêncio vira palavra
Meu Silêncio
A minha pior versão é o silêncio.
Não porque falte voz, mas porque nele mora tudo o que não digo: a dor contida, o grito engolido, a mágoa que arde sem nunca incendiar.
Meu silêncio pesa, mais que palavras ásperas, mais que despedidas frias. Ele é ausência viva, muralha invisível, ferida que não cicatriza.
E quem me conhece de verdade sabe: quando me calo, é porque já desisti de ser ouvida.
O silêncio em mim não é paz, é naufrágio.
— Raquel Menezes
Protagonista
Levanta. E vai viver a sua própria vida.
Ou você quer ser figurante de si mesma, assistindo de longe o que poderia ter sido seu?
A vida não espera roteiro, não repete cena, não devolve tempo.
Ou se coloca no centro, respira fundo e ocupa o palco da existência, ou passará inteira apenas observando os outros viverem.
Escolha ser atriz do seu próprio destino. Aplauda-se. Corra riscos. Seja a protagonista da história que sempre sonhou.
Porque ninguém pode viver o que é só seu.
— Raquel Menezes
O Que Não Se Mostra, Morre
Só existe aquilo que é demonstrado. O amor que não toca, esfria. O cuidado que não chega, abandona. A palavra que não sai, se cala pra sempre em algum lugar do peito de quem esperou.
Não me diga que sente, se não move um dedo. Não me prometa céu, se mal olha pro meu chão.
Presença que não se mostra é ausência disfarçada. E eu já conheço essa dor de saber que alguém diz mas não faz, jura, mas não vem.
Sentimento sem gesto é semente sem terra. E eu sou flor. Preciso de raiz, de água, de verdade.
Quem ama demonstra. Quem cuida aparece. Quem sente, se compromete.
Porque no fim, só permanece o que se prova. E o resto? É só silêncio que não sabe o que poderia ter sido.
— Raquel Menezes
Castelos de Areia
Somos castelos de areia, erguidos com mãos cansadas, esperanças repetidas e o desejo silencioso de durar mais que o instante.
Construímos no limite, sabendo que o mar vem. Mas torcendo ah, torcendo pra que ele esqueça de nós por um tempo. Pra que nos poupe. Nos perdoe.
Cada gesto é uma torre. Cada palavra, uma parede. E mesmo frágeis, ficamos ali firmes no quase, confiando na delicadeza do mundo.
Mas o mar não pergunta. Ele vem. E quando vem, leva sem piedade o que a gente demorou tanto pra fazer caber.
E mesmo assim, amanhece. E a gente tenta de novo. Com a mesma areia, com menos fé, mas ainda com amor.
Porque somos castelos, sim. Mas somos também as mãos que constroem. E há beleza até no que desaba com dignidade.
— Raquel Menezes
Mente de uma Poetisa
Na mente de uma poetisa, tudo é semente. Um olhar atravessado na rua, uma palavra mal dita, um silêncio que pesou mais que o grito, tudo floresce em poesia.
É um jardim e um abismo ao mesmo tempo: as dores viram pétalas, as feridas, rios de tinta. Nada morre de verdade, porque até a ausência é transformada em presença escrita.
A mente de uma poetisa não dorme nunca. Ela acolhe o mundo em detalhes: o frio que arrepia a pele, o cheiro da chuva, o miado da gata na madrugada.
E, de repente, tudo se torna verso. Tudo se torna música num idioma secreto que só a alma entende.
Ser poetisa é viver entre dois mundos: o que existe e o que poderia existir. E é justamente nesse intervalo que nasce a beleza.
— Raquel Menezes
Maior Expressão
A maior expressão do amor não está nas palavras bonitas, mas no gesto silencioso que diz: “eu te vejo”.
Está no olhar que acolhe, na mão que se estende, no cuidado que se oferece sem pedir nada em troca.
Amor verdadeiro é atenção inteira, é presença que escuta mesmo no silêncio, é cuidado que envolve como um abraço invisível.
A maior expressão do amor é simples e grandiosa: estar. Com ternura. Com coragem. Com verdade.
— Raquel Menezes